7.2.07

(Crônica lida no Talk Radio de 02/02)

Na terça passada, dois eventos musicais na escassa agenda de verão.

O primeiro, o show do Erlend Oye no Instituto Goethe. O cara faz parte do duo Kings of Convenience e também toca na banda The Whitest Boy Alive, uma das apostas da atual cena roqueira de Berlim. Todos os wannabes da cidade estariam lá.

O outro show era o da Adriana Deffenti e do Arthur de Faria, no projeto Par e Ímpar, no Santander Cultural.
De saída, o projeto Par e Ímpar deixa a gente meio com o pé atrás: a reunião low-fi de dois músicos apresentando um material diferente do que geralmente tocam soa como a típica encheção de linguiça, improviso qualquer nota pra dizer que acontecem eventos no terrível summer da província. E talvez seja isso mesmo. Mas foi divertido.

O Arthur de Faria é aquela figura peculiar. O próprio se define como alguém que já nasceu com sessenta anos. Tem um conhecimento apavorante de música popular, além de uma banda, o Seu Conjunto, que mistura música brasileira, humor, poesia, vaudeville, cabecismo, jazz e o escambau. Nada a ver com rock.

A Adriana Deffenti também tem pouco a ver com o gênero musical das guitarras elétricas. Ela está inserida naquela tradição das grandes cantoras brasileiras. E eu sinceramente espero que alcance a altura que merece, porque talento ela tem. É dona de uma voz clara, limpa. Sem aqueles falsetes irritantes estilo Programa Fama das Anas Carolinas da vida. A Adriana, praise the lord!, não quer ser a Aretha Franklin.

O show foi irregular. Mas teve seus momentos, e muito em função da performance teatral e divertida da moça: a versão de “Wouldnt it be nice”, dos Beach Boys; o impagável “Tango Meretrício”, de João de Almeida Neto; e o dramalhão-pornográfico “Revista Proibida”, de Odair José. A partir da segunda metade do espetáculo – se é que dá pra chamar uma coisa prosaica daquelas de espetáculo – a bola foi murchando até chegar na versão musicada de um poema do Daniel Galera que o Arthur classificou de “absolutamente fantástico” mas que eu achei de uma pieguice medonha. Uma versão acordeón-castalhola-e-bumbo de “Music”, da Madonna, ainda que com seus problemas técnicos, conseguiu me animar de novo.

Cumprimentei o Arthur na saída, que me olhou desconfiado. Talvez ele também fique com o pé atrás com esses projetos.

Dava tempo de ir no outro show, mas eu tinha diante de mim um dos grandes desafios do homem contemporâneo: um monte de dvds pra devolver na locadora.

Alguém aí pode me contar como foi o show do Erlend Oye?

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