22.10.07

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE
Capítulo 18 - Rock pauleira
Parte II

Foi bastante natural a aproximação da gurizadinha punk rock ao nosso ambiente insalubre, sujo e completamente refratário à caretice. Uns bebedores de vinho vagabundo que curtiam a fala esperta do Jello Biafra, idolatravam os Ramones e tinham o maior respeito pelo, como diria o Professor Getúlio, pai deles: Iggy Pop, mister pauleira in person. Essa turminha se sentiu em casa no Garagem, Terra do Nunca onde o Peter Pan usa piercing, Peter Punk. Os Torto e Os Thompsons, com seu punk rock escrachado e tosco, e Os Alcalóides, que sintetizavam Debbie Harry e Rita Lee (fase Mutantes) na figura da vocalista Júlia, faziam shows com lotação máxima de um público que pertencia a uma outra geração. Eu já tinha passado dos 20 e me sentia um senhor experiente diante daqueles fedelhos de 15 anos que agora frequentavam o bar. A Space Rave do casal Edu & Mari, sob inúmeras variações de elenco coadjuvante, seguia arregimentando jovens voluntários pra combater nas forças do exército do noise, vertente mais experimental e cerebral do punk. A No Rest detonava o hardcore sob o comando da baixinha enfezada Aline. Os Irmão Rocha com ponto de exclamação! minituarizavam a cartilha ramone com canções de um minuto cantadas pelo impassível Mauro, arrebatador de corações profissional. Os veteranos Replicantes, com o Gegbase nos vocais, faziam shows esporádicos que juntavam todas as gerações de punk rockers, pogueadores que iam das categorias júnior a sênior e quase botavam a casa abaixo a chute. Aja canela. Falando em canela, o Knela, primevo frequentador que trabalha na noite hoje em dia (hoje em noite?), ficou de mandar um e-mail contando as histórias das dezenas de shows de bandas punk e hardcore paulistas, meô, que se apresentaram no bar: IML, Wry, Garage Fuzz e o epítome do cult paulistano dos anos 1990: os Pin ups. E também a passagem dos gringos da All You Can Eat (de São Francisco), uma banda de gays vegetarianos que causou espanto entre os gauchinhos comedores de picanha.

Os punkids sentavam na calçada em frente ao bar bebendo vinho de garrafão, não entravam até que o show começasse e caíam fora logo que acabava. Vomitavam antes de sair. Uma nova safra de garotinhas aprendia nos corredores escuros e no banheiro imundo tudo aquilo que não ensinam em casa, nem na escola, só na da vida (e olhe lá, porque tem cada vidinha aí que nem isso). A gente se sentindo os novos coroas, administrando bravamente a insânia da gurizadinha se matando no pogo, dando mosh de cima dos PAs, quase botando abaixo o casarão. Segundo um engenheiro amigo do Ricardo, o piso não ruía porque balançava, lei elementar da física. Mesmo assim a gente se cagava em visões catastróficas do chão se partindo e um monte de criança espatifada lá embaixo, montanha humana gritando entre tábuas quebradas, roupas ensanguentadas, lascas de madeira nas carnes, fraturas expostas, um ou dois óbitos, e nós, em fuga, a polícia no encalço.

De tanta pisada de coturno, uma das tábuas quebrou num show dos Replicantes. A mesma tábua que um PM tinha arrebentado com um pé de cabra em busca de drogas no nosso 2° Atraque Histórico. Trocamos a madeira e aproveitamos pra preencher com massa de cimento alguns buracos na base das paredes de estuque, que se esfacelavam com o roçar das botinas. Na divisão das tarefas de manutenção, o Ricardo ficava com a parte elétrica e eu atacava de pedreiro. Me daria bem na profissão, fazia direitinho os rebocos, além de já fumar maconha. Costumava usar uma chapa de compensado pra fazer a massa de cimento e resolvi deixá-la na pista, em cima do piso remendado. Boa precaução pro show do Garage Fuzz, que aconteceria no final de semana seguinte. A banda sempre atraía uma legião de fãs dispostos a poguear até o fim dos tempos. Ou ao menos até o fim do show, o que já era pogo a dar com pau.

Verão infernal, um bafo quente e sem oxigênio que não circula, estagna. A Garrafa Térmica (como diria o Tonho Crocco) em pressão máxima. Aos primeiros acordes, o público começa a pular ensandecido na pista. Sobre a chapa suja, um pozinho de cimento vai subindo numa nuvem cinza conforme o povo pisa e pisa. O ar se tornou irrespirável e muitos desmaiaram, inclusive alguns músicos. Depois do show, pele, roupas, paredes, tudo ficou coberto por uma fina película cinza, mistura de pó de cimento, suor e umidade. Eca.

O batismo de fogo foi o show do Agnostic Front. O Knela (que até hoje não mandou o e-mail) nos disse que os caras eram os Beatles do hardcore. Levamos fé. A banda novaiorquina, pilar do HC, fez duas apresentações no bar, no inverno de 99. O saldo dos shows foram algumas escoriações leves em pogueadores empedernidos, muitas garrafas quebradas, uma cueca cagada e mais um caso folclórico.

Depois do show a banda foi pro escritório, que era também camarim, casinha do dj e cheiródromo. Resolvi cair fora, não ia ficar lá com aquele monte de homem suado. Os caras, que já não eram mais teenagers, se esbaforiam de calor, sem fôlego. Fui beber uma no balcão. O público foi embora rapidinho, todo mundo pra rua em busca de ar e vinho vagabundo. A banda também caiu fora logo. Passei a chave no escritório sem nem acender a luz. O fedor de punk usado era insuportável.

O Ricardo apareceu na tarde seguinte pra comprar cerveja e reparou na cueca suja num canto do escritório, pendurada no braço de uma guitarra.

Que nojo, pensou, e xingou mentalmente a faxineira.

Depois ficou sabendo que o vocalista tinha se borrado durante um acorde pesado. Reza a lenda que ele teria alcançado a lendária Brown Note, uma nota muito grave que, através do princípio da ressonância, afeta os intestinos provocando diarréia imediata. Todavia, a especulação carece de fundamentos teóricos: a Brown Note é um tipo de infrassom de frequência entre 5 e 9 Hz, abaixo do alcance auditivo humano, e só (se é que) pode ser reproduzida por alto-falantes especiais. Além disso, se ele tivesse, de fato, atingido a temida nota todos na platéia, além dos músicos e qualquer um exposto à frequência, teriam se cagado. Um fenômeno. O que deve ter ocorrido foi muita picanha e salada de maionese, prato típico, sacumé.

A cueca ficou ali. O mais perfeito legado artístico de uma geração.

Então apareceu na porta do escritório um guri, um adolescente de camiseta preta GG com uma foto do Agnostic Front que ia do peito até os joelhos. O jovem fã (JF) perguntou:

Não tem o set list do show ou uma palheta ou uma baqueta, qualquer coisa pra levar de recordação?

E o Ricardo não teve dúvida: apontou pra cueca suja apoiada no braço da guitarra. Foi o tempo de piscar pra que o JF já tivesse desaparecido com o precioso item da memorabilia roqueira: um legítimo merdário hardcore.

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O vôo do Vampiro...
Literatura e música na VAMPIRE TOUR

Leonardo Felipe sai em turnê de lançamento de seu segundo livro, O Vampiro.

Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte recebem a VAMPIRE TOUR. A turnê inclui discotecagem do autor.

O Vampiro (Ed. Idéias a Granel, 100 pg, R$15) narra as desventuras sexuais e amorosas de um vampiro contemporâneo que, contrariando o senso comum, acredita que é melhor estar mal acompanhado do que só.
"O Leo acabou de lançar um livro de contos que falam bastante da noite, de sexo, encontros e desencontros... essas coisas de vampiros urbanos. A edição é um pequeno luxo: formato de bolso com capa dura e fitinha de marcar página... que você não vai precisar porque vai ler em uma sentada." (Adão Iturrusgarai)

"Contos cheios de sexo, temperados com humor, um humor contagiante, daqueles de fazer rir de dar barrigadas." (Luís Augusto Fisher)

"Os textos de O Vampiro abusam da linguagem coloquial e dão preferência a corações partidos e pisados por algum salto 15." (Cristiane Lisbôa, Rolling Stone)

Leonardo Felipe, o Leo, estreou em literatura em 2002 com "Restaurante chinês", o conto conquistou o primeiro lugar no concurso Novos Talentos Literários Nova Prova. Seu primeiro livro, AUTO, foi lançado em 2004. Além de escritor, é DJ e jornalista (dirige e apresenta o programa Radar na TVE/RS). Foi um dos fundadores do bar Garagem Hermética, marco da contracultura porto-alegrense dos anos 90. Em www.fogueteformidavel.blogspsot.com publica, em capítulos, as folclóricas histórias do bar do qual foi dono. Promove mensalmente (nos bares Ocidente e Beco) a Pulp Friction, a festa mais badalada de Porto Alegre.

A VAMPIRE TOUR percorrerá as principais capitais do Sul e Sudeste do país unindo literatura e música no melhor espírito pé na estrada.

A largada é em 30 de outubro em Porto Alegre, no Bar Elo Perdido. Na noite seguinte, 31, o lançamento/festa é em Curitiba, no Korova Bar. O Sebo Baratos da Ribeiro, no Rio, é a próxima parada, em 6 de novembro. Em São Paulo, o Astronete Bar recebe a turnê, dia 9, com programação (ver abaixo) especial. A VAMPIRE TOUR encerra em Belo Horizonte, dia 13, com sessão dupla: lançamento no Café com Letras e festinha na Obra.

PROGRAMAÇÃO:

Porto Alegre - 30/10
Elo Perdido (João Alfredo, 533, Cidade Baixa)
21h

Curitiba - 31/10
Korova Bar (Av. Batel, 906)
24h

Rio de Janeiro - 06/11
Sebo Baratos da Ribeiro (Barata Ribeiro, 354, loja D, Copacabana)
19h
www.baratosdaribeiro.com.br

São Paulo - 09/11
Astronete Bar (Matias Aires 183/B, Consolação)
21h
*às 23h, Festa Shakesville SP, com show de Astronauta Pinguim
Ingresso R$12
www.astronete.com.br

Belo Horizonte - 13/11
Café com Letras (Antônio de Albuquerque, 781, Savassi)
20h
www.cafecomletras.com.br
*às 22h, Festa Rocket BH
A Obra (Rio Grande do Norte, 1168, Savassi)
R$7
www.aobra.com.br

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19.10.07


Eita vida dura...

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BIENAL FOR DUMMIES

Falta um mês pro encerramento da 6ª Bienal do Mercosul e se você ainda não visitou a exposição - seja por preguiça, medo, desinteresse, trauma ou qualquer outra razão (menos falta de grana, já que é totalmente grátis) aí vão algumas dicas: o filé. E vale a pena sair de casa, garanto. Melhor ainda em doses homeopáticas, um pouquinho de cada vez, sem pressa. Na calada da noite de segunda ou terça, quando voltam pros bairros aqueles que trabalham no centro (erro é ir na loucura ensolarada de final de semana, de passe livre, de pais de famílias feias comendo algodão doce e dizendo: isso aí até eu sei fazer). Passeio solitário e silencioso, fugindo dos monitores, bem intencionados, eu sei, mas eu fora.

Pegando emprestado o título de um conto de Guimarães Rosa, a 6ª Bienal tem o mote "A Terceira Margem do Rio". A metáfora pretende mostrar que dá pra ir além das oposições binárias e se posicionar de forma crítica e independente em relações às coisas, duvidar, questionar padrões e ao mesmo tempo aceitar o estranho, o inexplicável. Uma boa desculpa pra arte existir, resumindo. O curador geral, o uruguaio Gabriel Pérez-Barreiro não é bobo. Os textos que acompanham os trabalhos (item imprescindível em se tratanto de arte contemporânea) são claros e objetivos, sem todo aquele emaranhado de chavões artísticos que acabam anulando o sentido do que se quer dizer.

Diferente de algumas edições anteriores, a 6ª Bienal não peca pelo excesso. São quatro mostras em três espaços expositivos. Na Praça da Alfândega (entre o inútil Memorial do RS que deve estar ansioso pela Feira do Livro, tadinho) estão as Exposições Monográficas: no MARGS, o uruguaino Francisco Matto (1911-1995) com sua intersecção de arte primitiva e racionalismo (não empolgou mas pra quem gosta de pau velho é uma beleza) e o internacional e impronunciável Öyvind Fahlström (1928-1976), que, usando elementos da pop art, constrói uma crítica geopolítica do Terceiro Mundo.

No Santander está, talvez, o melhor da 6ª Bienal: um apanhado da obra do argentino Jorge Macchi. Os trabalhos, em suportes tão diversos quanto pintura, vídeo, escultura, colagem e instalação, fazem a conexão direta entre arte e cotidiano. A publicidade, a imprensa, o trânsito, a cidade, a música. Elementos do dia-a-dia transportados praquela terceira margem emprestada do Guimarães Rosa. Filé #1.

Os armazéns do Cais do Porto abrigam as demais mostras. Três Fronteiras reúne 4 artistas refletindo sobre a chamada Tríplice Fronteira, palco do massacre da Guerra do Paraguai. Nada mais pertinente em se tratando de Mercosul, mas o resultado se revela tão pífio quanto boa foi a intenção. Acontece.

Zona Franca vai além da seleção regional (o Mercosul) e apresenta trabalhos de artistas de relevância internacional. Um prato cheio:

Filé #2: "Western Deep", o sensacional filme do britânico Steve McQueen, exibido de meia em meia hora numa sala escura. Claustrofobia na veia.

Filé #3: "City glow", da japonesa Chiho Aoshima, uma animação psicodélica em cinco monitores LCD que, em frente às Casas Bahia, fazia fila. Arte paras as massas.

Filé #4: o ambiente criado pelos portugueses João Maria Gusmão e Pedro Paiva com projetores 16 mm rangendo uns filmes de pedra, terra e água em movimento.

Filé #5: a instalação "7 Fragmentos para Georges Méliès" do sul-africano William Kentridge, composta por animações surrealistas que lembram os primórdios do cinema.

Têm ainda os policiais performáticos nos vídeos do mexicano Yoshua Okon e a crítica política indigesta do americano Harrel Fletcher. "The American War" reproduz imagens do Museu da Guerra no Vietnã. O trabalho foi exposto em várias cidades dos EUA. Em tempos de Bush Jr, quando erros históricos são repetidos, nada poderia ser mais didático. Não recomendado pra estômagos fracos.

Em Conversas, 9 grupos de 4 artistas expõem seus trabalhos em módulos separados num intrincado jogo curatorial, repleto de conexões afetivas, estéticas, históricas e políticas.

Em contraponto à série de regras estabelecidas pelos curadores (artistas que convidam artistas que inspiram o convite de outro artista) alguns vão pro vale tudo, como é o caso do sujeito que convidou uma Arquibancada (com A maiúsculo) e exibiu o filme Além da Linha Vermelha. Osso duro sem número.

Mas tem o cubo de fios de nylon do venezuelano Jesús Rafael Soto (1923-2005) e as esculturas de fios de lã do brasileiro Waltércio Caldas, num módulo que é um luxo, na medida que menos é quase sempre mais. Tem um poema do argentino Leopoldo Estol que me faz pensar que arte é o lugar onde tudo é permitido. Estol foi convidado por sua conterrânea Liliana Porter que apresenta o ótimo "Trabalho Forçado", uma reflexão acerca desta atividade que acompanha o homem desde os primórdios de sua existência. E cansa. Tem o módulo dos chilenos Alvaro Pyarzún, Josefina Guilisasti e Magdalena Atria e da dupla Fischli & Weiss, da Suíça, com seu incrível vídeo de 30 minutos de pura ação e reação. A física e a química como você nunca viu antes. Filé #6.

Também tem o Projeto Pedagógico com curadoria própria (do uruguaio Luis Camnitzer) e sua metodologia de popularização da arte, com boas expectativas a longo prazo. Tem um bar super charmoso e uns banquinhos e mesas idem. Sem falar nos decks de madeira. Filé #7. Perfeitos pra admirar aquele por-do-sol que os locais insistem que é o mais bonito do mundo. A Terceira Margem ali do lado.

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10.10.07

DETOURMENT #1

Nossos fígados ainda são os mesmos e as aparências não enganam não.

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9.10.07

Apelando no feriadão...

PULP #57
Edição M&M
(Madonna e Michael)

Diversão garantida ou suas drogas de volta.

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5.10.07

RAPIDINHAS

1) Efemérides de 1967: os quarenta anos do proto-punk pop nihilista do disco da banana, dos disparos anti-establishment do situacionista Guy Debord em A Sociedade do Espetáculo, do Pepper's, do Piper e de uma porrada de discos psicodélicos aquecidos no Verão do Amor. Aqui no Brasil, no mormaço daquilo tudo (o tal do Espírito do Tempo): Caetano com Tropicália, as experiências pop do livro PanAmérica, de José Agrippino de Paula, a montagem definitiva de O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, pelo Teatro Oficina do septuagenário Zé Celso Martinez (nascido em 1937, outra efeméride). Na província, o jornalista Rafael Guimaraens registrou em Teatro de Arena: Palco de Resistência a trajetória do pequeno teatro da escadaria do Viaduto da Borges, fundado um ano antes do bicho pegar no país com o infame AI-5. Personagens da realidade e da dramaturgia, as montagens marcantes ("Cordélia Brasil", "Os fuzis da senhora Carrar", "Mockinpot"), a bichogrilagem das Rodas de Som, de Carlinhos Hartlieb, e a sonzeira do Bicho da Seda, esmirilhando em pleno desbunde. Os anos de chumbo têm seu charme com aquele romantismo revolucionário de cabelos ao vento, mas passagens cabulosas como fac-símiles de roteiros censurados e uma carta do CCC, o Comando de Caça aos Comunistas, com ameaças ao "rende-vouz de homossexuais e prostitutas", nos fazem cair na real: que barra, bicho! Lançamento da Editora Libretos.

2) O cartunista britânico Ralph Steadman foi amigo e colaborador de Hunter Thompson. Fez as ilustrações de Medo e delírio em Las Vegas e de outras obras do falecido jornalista gonzo. Em Sigmund Freud, lançado originalmente em 1979, Steadman, digamos, penetra no universo do papai da psicanálise. Usando as técnicas analisadas por Freud em O chiste e sua relação com o inconsciente, Steadman cria situações humorísticas a partir de eventos reais da vida do doutor vienense. Piadas sobre, óbvio, sexo, anti-semitismo e escatologia se misturam a personalidades e fatos históricos e aspectos teóricos da psicanálise. Um exercício de Teoria do Riso, com a legítima leveza que o tema exige. O lançamento é da Ediouro.

3) Bonito de ver a legião de jovens fãs entoando em coro os refrões de quase todas as músicas na segunda apresentação do Black Eyed Peas em Porto Alegre. Graças à presença de alguns pais que acompanhavam a criançada, a média etária subiu pra 16. Pais com salário pra bancar os cem reais do ingresso, o que significa pais com salário pra bancar aulas de inglês, condição funbdamental pra que os refrões fossem entoados direitinho, como o foram. Os quarteto de rappers era apoiado por uma banda de quatro integrantes (um batera, um guitarrista, um terceiro se divindo entre sax, flauta e guitarra e o quarto, dublê de DJ e tecladista que também tocava trumpete, fez um solinho no bis em que citou "A Night in Tunisia", clássico bop de Dizzy Gillespie). Sem contar a meia dúzia de uns oito dançarinos e um quinto negãozinho que se juntou aos vocais no final (cantaram "Jump around", do House of Pain e o público não entendeu porra nenhuma). O show foi patrocinado por uma marca de refrigerante pra qual o grupo compôs um jingle. O refri também emprestava o nome pra casa de shows. Big business, afinal that's what rock'n roll is all about. Ou rap, no caso. Lá pelas tantas quatro adolescentes apareceram no palco. Vestiam camisetas azuis enormes, pareciam umas latinhas de refri ambulantes (e cantantes). Acompanharam o Black Eyed Peas no jingle, a consagração. Foram escolhidos numa promoção como a banda de abertura que graças ao bom deus eu perdi. Cheguei durante o mega hit "My humps". Diversão garantida, apesar da cerveja caríssima e dos humps da Fergie nem serem tudo aquilo. Pior era a cara da mulher que parecia ter tomado um monte de porrada no backstage, um rostão inchado e detonadão. Rebolava bem menos que na televisão. Tentou levantar a perna numa pose de yoga duas vezes e acabou tomando um tombo. A platéia, que ela já tinha botado no bolso momentos antes com um papinho de big girls don't cry, nem se importou. A loira é quem leva os louros mas a ervilha principal do Black Eyed Peas é mesmo Will.I.am, que comandou muito bem a execução de um rap divertido, miscigenado e livre da ladainha rançosa dos gangsta. Lá pelas tantas tive o mesmo insight do show da Lauryn Hill, no mesmo lugar quatro meses atrás: Jorge Ben = gênio.


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2.10.07

Nova aventura festiva na noite da província...
ROCKET, a festa
Sexta, 05/10, a partir das 22h, na chiquérrima Choice Dining Club (Félix, 977).
Ingressos a R$20. Mas... deixando um comentário aqui com o nome completo, paga só R$5 e ainda bebe um chope de cortesia. No menu sonoro: classic disco, velharias funk, vintage rap, popices, batidinhas eletrônicas e um rockinho ou outro, of course.

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1.10.07

Tendo em vista a luta diária que é colocar esse programa no ar (em meio a tantas dificuldades que a TVE vem enfrentando), temos mais é que fazer festa!
Quinta, 11/10, véspera de feriado, a partir das 22h.
Ingressos a R$15 (valendo uma cerveja).

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