12.2.07

Leo the lion
(Não sei onde eu estava com a cabeça quando escrevi esse (não sei se dá pra chamar de) conto. Provavelmente no José Agrippino de Paula e seu Panamérica que li há uns 3 ou 4 anos, mesma idade do (não sei se dá pra chamar de) conto. Cultura pop, neologismos sem sentido, humor idem e uma overdose de anglicismos são alguns dos elementos presentes neste pequeno texto que sofre de crise de identidade.)

Leo the lion saiu do esconderijo secreto com sua capa voadora hipermeável de poderes sobrenaturais disposto a fazer o bem. Além da capa (vermelha como há de ser a capa dos bons supereróis), usava um jeans meio rasgado nos joelhos (displicentemente cool), coturnos de couro cru e uma camiseta azul com seu emblema de young superhero: um leão assim meio rasta de juba multicolor bordada com linha de ouro e ponto de exclamação! Lindamente onírico, o emblema transmitia ou resplandecia um halo de vapores estupeficantes que eram actually o poder exclusivo de Leo the lion (a maioria dos supereróis podia voar, dar superpulos e supersocos, correr muito rápido, entortar barras de ferro, atravessar paredes, dar supercabeçadas, escalar edifícios com as unhas, arrastar ônibus com os dentes, enxergar e ouvir superbem, foder centenas de vezes consecutivas e ficar ao menos duas horas embaixo d’água sem respirar, alguns poucos supereróis tinham superinteligência mas isso era a minoria mesmo e ainda havia aqueles que tinham poderes superespecífcos normalmente associados à algum tipo de artefato, adereço, arma, roupa, superobjeto etc. Guitar Hero, por exemplo, empunhava uma superguitarra que emitia acordes dissonantes por cinco mil alto-falantes acoplados a seu capacete – solos mortais. Ray Girl usava uma tiara de superdiamantes que valia uma fortuna e emita raios alfa, beta, gama, delta, laser, x e que-os-partam. Duchamptron carregava mictórios explosivos que arremessava em caretas, falsários e trambiqueiros do alto mundo dos artes, o que incluía praticamente everybody. Vahala Slut levava na bolsa supergiletes afiadíssimas de cobalto inquebrável superenvenenado. Homero, meio old fashion, tinha uma superespada. Zombie Wolf não tinha superobjeto nenhum, apenas um superbafo paralisante, enfim). Os coturnos de couro cru traziam embutidos na sola artigos de extrema importância – lâminas, cabos de aço, fósforos, camisinhas, coisas do tipo – que nem o tradicional cinto de utilidades que outros supereróis usavam, mas como Leo the lion primava pela originalidade não usava cinto. A calça, meio caída na cintura deixando à mostra a barra da cuequinha, não tinha superutilidade nenhuma mas era cool. Seu supertraje tinha sido confeccionado por um estilista brasileiro de renome internacional, creio que Alexandre Herchcovitch.

Leo the lion entrou no primeiro bar e pagou uma rodada pra todo mundo. Eram três da tarde. Os clientes, um bando de velhinhos encardidos tomando ceva e pinga e duas velhas não tão velhas mas tão horrorosas que nem os velhos pegavam, urravam em êxtase:

Viva Leo the Lion com ponto de exclamação!

Leo the Lion é o maioral – dizia um negão com voz de malandro lá do fundo dando um gole da pinga.

Umas das velhas não tão velhas mas tão horrorosas que nem os velhos pegavam, provavelmente no maior dos atrasos, pediu a Leo the lion que chupasse a sua bucetíssima xoxota e o nosso bravo supererói na obrigatoriedade com a qual se impunha na mais simples das disposições curvou-se humildemente feito cão servil e lambeu a cona da velhaca. O odor nauseoso encheu-lhe de engulhos. Perseverou. Fez gozar a velha que soltava gritinhos de ai-ai-ai-meu-bem e afagava a cabeleira de Leo the lion (a outra obviamente pediu the same, ô gente mais sem imaginação).
Leo the lion saiu do bar e encontrou uma menina na calçada:

Leo the lion, paga um sorvete?

Não querida – respondeu Leo the lion – meu superdinheiro não é capim pra ficar superdesperdiçando desse jeito. Você não pode confundir a minha disposição de fazer o bem com a idéia de que eu tenha que comprar coisas pra todo mundo, compreende?

Leo the lion deu um superpulo que atravessou dois continentes. Parou na China. Não sabia chinês e superpulou de volta.

A China é um país estranho – conjeturou Leo the lion.

Sim eu sei – disse um senhor que passava – andei uma temporada na China em 1965 fazendo um curso de guerrilha que incluía tática militar, tiro, disfarces, explosivos e falsificação de documentos. Conheci Mao Zedong pessoalmente. Não entendia nada do que ele dizia. Os chineses são mesmo estranhos – levantou a beira do chapéu, um chapeuzinho coco tipo de inglês de filme, deu um rodopio com os calcanhares e entrou no bar.

Criaturinha implausível – pensou Leo the lion.

Leo the lion avistou Vahala Slut na outra esquina, dava navalhaços em gigolôs sacanas. Atravessou a rua na faixa de pedestres, apertando o botãozinho e esperando o sinal dos carros fechar ainda que não passasse carro algum. Repreendeu um pai que atravessava a rua correndo de mãos dadas com o filho:

Você tem que ensinar a criança a respeitar as leis de trânsito com ponto de exclamação!

No outro lado da rua comentou com a Vahala Slut (supereroína supermanjada na praça na ativa desde os seventies fiel defensora das minorias majoritárias) da terrível boa ação do dia.

Minhas disposições heróicas não incluem favores sexuais – disse Vahala Slut – só como quem eu amo. Sexo pra mim é sagrado. Acho que tem a ver com a minha educação católica.

Leo the lion reclamou do gosto de buceta velha na boca.

Você tem que incluir uns chicletes no seu cinto de utilidades, ou melhor, nos seus coturnos de couro cru de utilidades, esqueci que você não usa cinto.

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2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

hihi... tem um superheroi Homero.

6:12 AM  
Blogger Unknown said...

eu tava lá. vi.

12:13 AM  

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